*Matheus Silva
Hoje vai ser uma festa, bolo e guaraná...
Muito Campo de Públicas para você!
Começo o meu texto de forma animada porque fico de fato empolgado com os 10 anos de FENEAP. Foi muito chão, muita história. E muita conquista!
Visualizo que o Campo de Públicas começou com um grupinho tímido de pessoas que
chegaram atrasadas em uma festa que não conheciam mais ninguém:
Estudamos direito, mas não somos advogados; estudamos ciências sociais, mas não
somos sociólogos; estudamos economia, mas não somos economistas; estudamos
administração, mas não somos como os administradores de empresas.
Isso fez com que fosse feito uma reflexão aonde encontraríamos mais pessoas como a
gente? E, principalmente, o que nós somos de fato?
Julgo que essa “ausência inicial” de identidade despertou uma força associativa MUITO
grande no campo de públicas. Cada estudante e professor se tornou um diplomata do
campo de públicas, sempre apresentando para quem quer que fosse. Deixamos de ser um grupo tímido, para ser uma rede estabelecida, com diversos fóruns e espaços de diálogo e articulação, de pessoas capacitadas, críticas e com um profundo desejo de impactar positivamente o País.
Contudo ainda acho que isso seja pouco. Eu tenho a plena convicção que para o tema da profissionalização da administração pública entrar para a agenda do país nós precisamos botar nossa cara no sol.
A campanha do Programa Residência em Gestão Municipal representa um grande avanço na profissionalização da administração pública, um golaço.
Mas temos que chegar no cidadão comum e nos tomadores de decisão. Não podemos nos dar ao luxo de debater administração pública apenas nas nossas universidades ou nos gabinetes que temos acesso. Temos que convencer o País que investir na
profissionalização não é apenas um ótimo investimento, mas é O MELHOR investimento
que pode ser feito no nosso país.
As vezes penso que ainda falta nos convencer sobre isso. As vezes não fica claro nem
mesmo para nós qual é o impacto da nossa profissionalização, como e aonde o Pais
ganha com isso. Não vamos conseguir elevar o nível de debate se não tivermos respostas consistentes.
Vejo essa questão como o principal ponto do campo de públicas hoje: como convencer a população, gestores e até mesmo políticos de que o campo de públicas é uma saída para a crise institucional que o setor público já vive a tempos? A nossa missão diária deve ser responder essa pergunta.
Devemos profissionalizar e universalizar o debate. Precisamos de pessoas debatendo nas padarias, nas filas de mercado e nos pontos de ônibus do Brasil. Mas também precisamos de pessoas competentes debatendo gestão pública no congresso, nas assembleias legislativas, nos governos estaduais e nos municípios.
Precisamos nos colocar como gente grande no atual cenário nacional. Precisamos ser
conhecidos, precisamos ser apoiados. Precisamos entrar para ganhar.
*Matheus Silva é ex-presidente da FENECAP.